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Era uma vez um casal.
A garota gostava do garoto.
O garoto era apenas um garoto.
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Foi em um mês frio do primeiro semestre do ano que se conheceram e se juntaram.
Ela queria ficar assim, ele mudava tudo o que estivesse a fim.
Durante madrugadas prematuras quase não se falavam, as tardes eram para segurar as mãos e as noites sem diálogo.
Até que tudo pegou fogo e se separaram.
Veio o sol intenso e a chuva pesada.
Era coisa demais para suportarem sozinhos.
A menina procurou o menino.
Ele também era um holograma.
Estava tudo danificado e ela ficara só.
Ela tinha algo pra falar, mas eles nunca se falariam se ficasse assim.
Só havia um jeito de trazê-lo de volta. Um programa com codificação diferente, a tecnologia mais arcaica e perigosa que se podia manipular.
Inundou todo o espaço em volta com suas lágrimas e desejou, com todo o coração, ser capacitada o suficiente para enfrentar os detrimentos.
Adormeceu e despertou.
Quando abriu os olhos, estava no plano do quarto com papel de paredes e sentia cheiro de café.
Trocou as roupas e se penteou. Apanhou a mochila e enfiando uma torrada na boca saiu.
A cidade em que vivia com os hologramas dissolvia-se nas porções de multidão.
Tomou o ônibus e chegou ao colégio. Logo da entrada viu a solução de suas aflições.
Ela detestava viajar para esse mundo, ele sempre era um pouco mais frio, denso e material.
Lá estava ele.
Sem falhas na projeção e cheio de qualidades e imperfeições.
O viu acenar e sorriu.
Ela queria estar do lado dele além do imaginável.
Se estava preparada? Provavelmente não. Mas funcionava no seu mundo.
Beijou o garoto e ao invés da imagem se contorcer, a envolveu de volta, finalmente retribuindo.
-Eu também quero ficar com você – ela conseguiu falar.
E assim, pra sempre, o holograma se tornou memória e deixou de existir na cidade da pretensão.
Agora a garota podia tocar no garoto e ouvi-lo.
De verdade e pelo agora.